domingo, 6 de janeiro de 2013

Sempre Lembrados: Lourival Lopes

São quatorze livros escritos que já venderam quase três milhões de exemplares. O autor, o paranaense Lourival Lopes, tem 74 anos, é sorridente, amável e está sempre pronto a ajudar o próximo. Não se preocupa em ser best-seller, nem promove noites de autógrafos. Mas bem que poderia, afinal, com este número de livros vendidos, não deixa nada a desejar frente a muitos acadêmicos.

“Distribuir amor” é o lema de quem se dedica a obras filantrópicas e trabalhos voluntários. “Mas preste atenção que só ama o próximo, quem sabe amar a si mesmo”. Lourival gosta de citar fatos, contar casos e ensinar com exemplos.

“Faço tudo com amor e da melhor forma possível, assim meu risco de errar é menor”.

E a inspiração para escrever de onde vem? “Leio muito. Jornais, revistas, ouço rádio, acompanho as notícias da televisão”.

Quem fala com Lopes é cativado pelas palavras de conforto e de esperança.

O primeiro livro, Amor em Ação, editado em 1982, logo se tornou um sucesso de vendas. “Nem esperava a repercussão que teve”. Lourival é modesto.

Os livros são pequenos, cabem na palma da mão e têm em média duzentas e cinquenta páginas cada. Medem 11 centímetros de altura e de largura, 7,5 centímetros. Têm como conteúdo mensagens pequenas e rápidas, que ocupam uma página e “têm o objetivo de tocar o coração, a mente e mudar o modo de encarar a vida de quem os lê”.

Nasceu em Borrazópolis, Paraná, em 1937. Da mãe, dona Joana, paulista, herdou o temperamento calmo, observador, contemplativo e a concentração. Do pai, o paranaense Zacarias, a impetuosidade, o arrojo e a persistência para vencer os obstáculos da vida.

Todos tiveram na juventude uma figura especial, que influenciou e transmitiu afeto e sabedoria. Alguém que mostrou dimensões mais profundas e ajudou a escolher caminhos com liberdade. Para o escritor Lourival Lopes, foi o avô paterno, José Martins da Silva. José era mineiro nascido em Cambuí, que, após breve parada em Rio Vermelho, São Paulo, firmou residência em Borrazópolis, arrabalde de Arapoti no Paraná. José era iletrado, nunca leu um livro. Apesar disso, por ser médium espírita, receitava remédios oralmente para uma vasta população que o procurava. Lourival foi profundo observador do avô que, mesmo sem saber ler, tinha ampla cultura geral atribuída a seu mundo espiritual.

Numa sala de um edifício no Setor Comercial Sul de Brasília, funciona a CEO – Central de Paz e Otimismo, entidade criada por Lourival. Reformada, conta com antessala destinada a dois plantonistas e pequena biblioteca com livros de Chico Xavier, Divaldo Franco e outros espíritas. Na sala principal, mais uma mesa de plantonista. Um aparelho telefônico, um recipiente de madeira contendo os 14 livrinhos do Lourival, uma caneta e um bloco de papel para anotações completam os apetrechos. Há ainda em um canto deste segundo ambiente, uma mesa de reuniões, quatro cadeiras e um arquivo de aço. As paredes pintadas de azul transmitem tranquilidade ao local. O outro ambiente é composto de cozinha e banheiro onde são guardadas outras vinte cadeiras, empilhadas, que servem para acomodar os plantonistas nas confraternizações.

Possui dois prédios no Setor Gráfico de Brasília, sendo uma gráfica e uma editora montadas para confeccionar seus livros. “Não viso lucro, não sou um capitalista, meus livros são para ajudar as pessoas.”

Lourival tem cinco filhos. Na gráfica trabalham dois deles e duas netas. A sala onde atende é de mobília simples. Sua mesa é antiga, bem usada. De fronte à escrivaninha, há uma poltrona de vime e uma cadeira tipo “do papai”. Logo na entrada da sala, uma mesa de reuniões estilo de jantar com oito cadeiras. O ambiente lembra o de uma casa de família, o que caracteriza o estilo de vida deste homem que não usa roupa da moda. Veste calça e camisa social de mangas curtas. Sapatos pretos completam o aspecto sóbrio, mas jovial.

“Nas segundas, em torno de nove horas, meus filhos e eu fazemos uma prece para que tenhamos a semana plena de harmonia e paz”. Nas orações, Lourival fala diretamente com Deus. Agradece, pede, clama, pergunta, fala, dialoga. Termina com um sorriso. “Somos bons amigos, Ele tem me ajudado muito, aliás, sempre me ajudou, dá-me mais do que mereço.”


Trechos da biografia de autoria do jornalista Tassinari Linhares

Nenhum comentário:

^