domingo, 28 de fevereiro de 2010

Mensagem da Semana


Ouvir a Mensagem


Quando Sofreres


Quando sofreres, pensa no indefinível poder de renovação que flui dos vencidos!...

Os gritos dos déspotas da antiguidade que pompeavam irrisório triunfo desapareceram, encaminhados pela morte à piedade da cinza para se lhes apagasse a memória, mas a justiça tomou as lágrimas de quantos lhes caíram sob os carros sanguinolentos para gravar as leis que enobrecem a Humanidade.

Os sarcasmos dos que traficavam com a vida dos semelhantes foram abafados na estreiteza do túmulo, mas o pranto dos escravos, que cambaleavam aos rebenques do cativeiro, lavou os olhos das nações conscientes, para que contemplassem o clarão inextinguível da liberdade.

Quando sofreres por alguém ou por alguma causa nobre, medita naquele que a Sabedoria Divina enviou à Terra, para o engrandecimento de todos.

A Eterna Bondade fê-lo nascer, sob cânticos angélicos ao fulgor de uma estrela, e consentiu que se lhe negasse um berço entre os homens.

Situou-lhe a divina embaixada, entre aqueles que detinham no mundo as mais elevadas noções religiosas e não impediu lhe ignorassem a presença.

Dotou-o de carismas sublimes com que reerguesse os paralíticos e iluminasse os cegos e deu-lhe a estrada por moradia.

Colocou-lhe a ciência do Universo na palavra simples, mas não lhe deu qualquer cenáculo de pedra aos ensinos, conquanto providenciasse para que os deserdados e os enfermos, os cansados e os infelizes lhe integrassem a assembléia de ouvintes na largueza do campo.

Revestiu-lhe a influência pessoal com todos os atributos do bem e deixou que o mal lhe alcançasse o círculo dos amigos mais íntimos.

E quando lhe tapizaram o caminho com palmas de vitória, no intuito de lhe entregarem o cetro da autoridade, permitiu que a sombra envolvesse aqueles que mais o admiravam e, quase defronte a eminência do Moriah, em cujo tope se erguia o templo de Salomão, como sendo o mais suntuoso dos monumentos levantados na Terra, em louvor do Deus único, não obstou se lhe desse um monte desolado para a morte num lenho entre malfeitores, a fim de que ele formasse entre os milhões de aflitos e incompreendidos de todos os tempos!...

Quando sofreres para que haja bondade e verdade, felicidade e concórdia, pensa em Cristo e compreenderás que ninguém consegue realmente auxiliar a ninguém sem amor e sem dor.




Do livro “Opinião Espírita”, de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, pelos Espíritos Emmanuel e André Luiz

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Leon Denis, uma Alma Incansável


Encerramos nossas homenagens ao escritor, filósofo e fiel “Apóstolo do Espiritismo”, Leon Denis, com esse artigo publicado na Revista Cristã de Espiritismo que relata ,dentre outros fatos, os seus últimos trabalhos e instantes da sua vida dedicada à Doutrina Espírita.


Uma Alma Incansável


Mantinha volumosa correspondência e jamais se aborrecia. Amava a juventude, possuía a alegria da alma. Era inimigo da tristeza. O mal físico, para ele, devia ser bem menor do que a angústia que experimentava pelo fato de não mais poder manejar a pena. Secretárias ocasionais substituíam-no nesse ofício. No entanto, a grande dificuldade para Denis consistia em rever e corrigir as novas edições dos seus livros e dos seus escritos. Graças, porém, ao seu espírito de ordem e à sua incomparável memória, superava todos esses contratempos, sem molestar ou importunar os amigos.

Depois da morte da sua genitora, uma empregada cuidava da sua pequena habitação. Ele só exigia uma coisa: o absoluto respeito às suas numerosas notas manuscritas, as quais ele arrumava com meticulosa precaução. E foi justamente por causa dessa sua velha mania que a duquesa de Pomar o denominara "o homem dos pequenos papéis".

Em 1911, após despender não pequeno esforço no preparo da nova edição de O Problema do Ser, do destino e da Dor, ficou gravemente doente com uma pneumonia. Foi o tratamento a tempo do seu médico que, num curto espaço de tempo, o colocou de novo em pé. Contudo uma grande e profunda dor lhe estava reservada: veio a Guerra de 1914-18 e o seu espírito condoía-se ao ver partir para a frente de batalha a maioria dos seus amigos.


Léon Denis e a Primeira Guerra Mundial


Léon padecia, então, de uma doença intestinal e estava parcialmente cego. Pela incorporação, os seus amigos do espaço e, entre eles, um espírito eminente comunicavam-lhe, de tempos em tempos, as suas opiniões sobre essa terrível guerra, considerada nos seus dois aspectos: o visível e o oculto.

A guerra a qual se referem aqui é a Primeira Grande Guerra Mundial, ocorrida em 1914 . Estas comunicações levaram-no a escrever um certo número de artigos, publicados na Revue Spirite, na Revue Suisse des Sciences Psychiques e no Echo Fid, onde transparece, dentro da lei de causa e efeito, o seu grande amor pela terra onde nasceu. Quando a guerra se aproximava do fim, a Revue Spirite passou a publicar, em todos os seus números, artigos de Léon Denis.


Léon aprende braile

Após a Primeira Guerra Mundial, aprendeu braile, o que lhe permitiu fixar no papel os elementos de capítulos ou artigos que lhe vinham ao espírito, pois, nesta época da sua vida, estava, por assim dizer, quase cego.

Em 1915, iniciava ele uma nova série de artigos, repassados de poesia profunda e serena, sobre a voz das coisas, preconizando o retorno à natureza. Nesta época, um forte vento soprava contra a Codificação Kardequiana. O fenomenismo metapsiquista espalhava aos quatro ventos a doutrina do filósofo puro. Heuzé fazia muito barulho através do L’ Opinion, com as suas entrevistas e comentários tendenciosos. Afirmava prematuramente que, à medida que a metapsíquica fosse avançando, o Espiritismo iria, a par e passo, perdendo terreno. A sua profecia, no entanto, ainda não se realizou. Aliás, como tantas outras que profetizaram o fim do Espiritismo.


Em defesa do Espiritismo

Após a vigorosa resposta de Jean Meyer na Revue Spirite, Léon Denis, por sua vez, entrou na discussão, na qualidade de presidente de honra da União Espírita Francesa, numa carta endereçada ao "Matin", na qual estabelecia, com admirável nitidez, a diferença entre Espiritismo e Metapsiquismo. A partir desse momento, Léon Denis teve que exercer grande atividade jornalística para responder às críticas e ataques de altos membros da Igreja Católica, saindo-se, como era de esperar, de maneira brilhante.

Em março de 1927, com 81 anos de idade, terminara o manuscrito que intitulou de O Gênio Céltico e o Mundo Invisível. Neste mesmo mês, a Revue Spirite publicava o seu derradeiro artigo.


Os últimos momentos no corpo físico

Terça-feira, 12 de março de 1927, pelas 13h, respirava Denis com grande dificuldade. A pneumonia atacava-o novamente. A vida parecia abandoná-lo, mas o seu estado de lucidez era perfeito. As suas últimas palavras, pronunciadas com extraordinária calma, apesar de muita dificuldade, foram dirigidas à sua empregada Georgette: "É preciso terminar, resumir e... concluir".

Fazia alusão ao prefácio da nova edição biográfica de Kardec. Neste preciso momento, faltaram-lhe completamente as forças para que pudesse articular outras palavras. Às 21h, o seu espírito alou-se. O seu semblante parecia ainda em êxtase.

As cerimônias fúnebres realizaram-se no dia 16 de abril. A seu pedido, o enterro foi modesto e sem o ofício de qualquer Igreja confessional. Está sepultado no cemitério de La Salle, em Tours.



Pelo portal IRC-Espiritismo.

Publicado na Revista Cristã de Espiritismo, edição 09.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010


As Lições da Guerra


Os terríveis combates entre as nações e as raças, além das convulsões que sacodem o mundo, produzem os mais sérios problemas e, em presença desse grande drama, mil questões se apresentam à mente humana ansiosa, havendo momentos em que a dúvida, a inquietação e o pessimismo dominam os espíritos mais fortes e decididos.

O progresso será uma vã ilusão? A civilização ficará submersa no mar das paixões brutais? Os esforços dos séculos em prol da justiça, da fraternidade e da paz social serão inúteis? As concepções da arte e do gênio do homem, os frutos do pesado e imenso trabalho de milhões de cérebros e de braços irão desaparecer arrasados pela tormenta?

Esse abismo de desgraças é analisado calmamente pelo pensador espiritualista e do caos dos acontecimentos ele extrai a principal lei que rege o Universo.

Acima de tudo, lembra-se de que nosso mundo é um planeta inferior, um laboratório onde desabrocham as almas ainda inexperientes com seus anseios confusos e suas paixões desordenadas.

O profundo sentido da vida aparece, para o pensador espírita, com as duras necessidades que a ela são inerentes; é o início das qualidades e energias que existem em todos os seres.

A fim de que as energias que existem desconhecidas e silenciosas nas profundezas da alma apareçam na superfície, há necessidade de aflições, angústias e lágrimas, porque não existe grandeza sem sofrimento, nem progresso sem provação.

Se o homem na Terra se desvencilhasse das vicissitudes da sorte e ficasse privado das grandes lições do sofrimento, poderia fortalecer o caráter, desenvolver a experiência ou valorizar as riquezas ocultas de sua alma?

No mundo, sendo o mal uma fatalidade, não existirá responsabilidade para os maus?

Seria um erro funesto aceitá-lo, porque o homem, em sua ignorância e cegueira, semeia o mal, cujas conseqüências caem pesadamente sobre ele, assim como sobre todos os que se associam às suas más ações. É isso que o momento atual comprova.

Dois poderosos imperadores, um protestante e outro católico, desencadearam a guerra com todos os seus horrores; fazia meio século que vinham preparando, calculando e combinando tudo para obter uma vitória esmagadora.

Os poderes espirituais, porém, interferiram no conflito, inspirando às nações em perigo uma heróica resistência e nelas fazendo surgir os tesouros do heroísmo que estavam acumulados nas almas célticas e latinas, desde anteriores existências.

Vejam como se inverteu a situação após seis meses de lutas. Os alemães faziam uma guerra de conquista, no início da campanha; hoje estão reduzidos a combater em defesa própria.
Nos momentos de amargura e de incerteza sempre surge um homem providencial. Neste caso, e para a França, esse homem é o general Joffre, que possui as qualidades exigidas pela grave situação do momento!

Ele soube conter no Marne a enorme avalanche alemã e agora, como comandante sábio e competente, poupando seus soldados, prepara, prudentemente, os meios de expulsar o inimigo para além das fronteiras.

Acima do confuso tumulto das batalhas, além dos clarões terríveis da carnificina e do incêndio, vislumbra-se uma aurora e um grandioso ideal começa a se esboçar; pressente-se a obra de moralização que dimana do sofrimento.

Acima da labareda das paixões terrenas, sente-se a presença de um tribunal invisível que espera o final do conflito para reivindicar os direitos da eterna justiça.

Nossos soldados sentem tais coisas de modo vago, têm a intuição de que sua causa é augusta e sagrada, e tal impressão vai, pouco a pouco, propagando-se por todo o país. Aí se explica por que a inteligência se tornou mais digna e os sentimentos ficaram mais graves e profundos.

A borrasca espantou as futilidades e as leviandades, com tudo quanto era pueril e mundano em que nossa geração gostava de se ocupar, deixando permanecer o que havia em nós de mais sólido e melhor.

Ainda subsistem, sem dúvida, muitos resquícios de imoralidade, corrupção e decadência e, por vezes, perguntamos se tamanha lição não foi bastante para corrigir nossos vícios. Em compensação, quantas existências fantasiosas, estéreis ou desordenadas ficaram mais simples, puras e fecundas.

A vida pública e a privada, sob certos aspectos, estão sofrendo uma radical transformação. Essa purificação dos costumes e do caráter traz consigo a das letras francesas, a do jornalismo, enfim, a do pensamento sob todas as formas em que se expresse, parecendo que estamos livres, por muito tempo, dessa psicologia mórbida, dessa pornografia chula, venenos da alma que nos faziam ser considerados, pelo estrangeiro, como nação decadente.

Quem ousaria servir-se da pena para recair em semelhantes erros? Os escritores e os romancistas do futuro terão assuntos bem diversos, graves e elevados para suas obras.

Por certo não perdemos de vista o lamentável desfile das desgraças produzidas pela guerra: as horríveis hecatombes, a aniquilação das vidas, o saque e a destruição das cidades, os estupros, os incêndios, os velhos, as mulheres e as crianças espoliadas, mortas ou mutiladas, a fuga dos rebanhos humanos abandonando seus lares devastados, afinal, o espetáculo do sofrimento humano no que existe de mais intenso e pungente.

Qualquer espírita sabe que a morte é apenas uma aparência: a alma, ao desprender-se do seu envoltório material, adquire maior força, maior percepção das coisas e o ser se encontra mais vivo no Além.

O pensamento se purifica pela dor, nenhum sofrimento se perde e nenhuma provação deixa de ter sua compensação. Os que morreram pela pátria recolhem os frutos do seu sacrifício e o sofrimento dos que sobreviveram transmite aos seus perispíritos ondas de luz e sementes de futuras felicidades.

A questão do progresso se resolve facilmente, porque só ele é real e permanente, sendo simultâneo em seus dois aspectos, o material e o moral.

O progresso meramente material é, com muita freqüência, apenas uma arma colocada a serviço das más paixões.

Aos bárbaros da atualidade a ciência forneceu formidáveis recursos de destruição: máquinas variadas, violentos explosivos, pastilhas incendiárias, dispositivos para o lançamento de líquidos inflamáveis, gases asfixiantes ou corrosivos, etc.

A navegação aérea e submarina aumentou de muito o poder do fogo, todavia todos os progressos da ciência tornam o homem infeliz, enquanto ele permanece mau. E tal situação se prolongará enquanto a educação popular for falseada e o homem seguir ignorando as verdadeiras leis do ser e do destino, assim como o princípio das responsabilidades com suas conseqüências nas vidas sucessivas.

Sob esse aspecto, o fracasso das religiões e da ciência é completo: a guerra atual o comprova, fartamente.

Com relação ao progresso moral, ele é lento e quase imperceptível na Terra, graças à população do globo que cresce incessantemente com elementos provindos de mundos inferiores.
Só os espíritos que conseguiram certo grau de progresso na Terra evoluem com proveito para grupos melhores. Eis por que varia pouco o nível geral, permanecendo raras e ocultas as qualidades morais dos indivíduos.

Os golpes da adversidade ainda serão, durante muito tempo, meios necessários para impelir o homem a se desprender do círculo estreito onde se encerra, obrigando-o a elevar mais alto seu pensamento.

Ainda precisará escalar, muitas vezes, a íngreme ladeira do calvário através de espinhos e pedras pontiagudas. Todavia, do escabroso pico, ele divisará o brilho do grande foco de sabedoria, de verdade e de amor que ilumina e fortalece o Universo.

Tudo, na ordem espiritual, se resume em duas palavras: reparação e elevação!

As calamidades são o cortejo inevitável das humanidades atrasadas e a guerra é a pior de todas. Sem elas o homem pouco desenvolvido perderia o seu tempo com as inutilidades da jornada ou se entregaria ao bem-estar e à preguiça.

É preciso o guante da necessidade e a noção do perigo para obrigá-lo a movimentar suas forças adormecidas, desenvolver-lhe a inteligência e apurar-lhe a razão.

Tudo que é destinado à vida e ao crescimento se prepara na dor. É necessário padecer para dar à luz, eis a colaboração da mulher. Cumpre padecer para criar, eis a participação do gênio.

Nos momentos supremos de sua história é que as qualidades varonis de uma raça se apresentam com maior brilho. Se a guerra desaparecesse, com ela desapareceriam muitos males e muitos horrores; mas não é a guerra também geradora do heroísmo, do espírito de sacrifício, do desprezo pelo sofrimento e pela morte? São estas coisas que fazem a grandeza do homem, as que o colocam acima do irracional.

O homem, espírito imortal, é um centro de vida e de atividade que, de todas as vicissitudes, todas as provações, mesmo as mais cruéis, deve conseguir outros processos pelos quais se expandam cada vez mais as energias existentes em nosso íntimo.

As grandes emoções nos fazem esquecer as preocupações corriqueiras (muitas vezes frívolas) da vida, abrindo em nós uma passagem para as influências do Espaço.

No entrechoque dos acontecimentos, a bruma formada por nossos anseios, pensamentos e inquietações de cada dia se esvai e a grande lei, o supremo objetivo da existência se revela, por um instante, aos nossos olhos.
Nos mundos mais adiantados, nas humanidades superiores à nossa, os flagelos não têm mais razão de ser, não existindo a guerra, porque a sabedoria do espírito elimina todos os conflitos.

Os habitantes dos mundos felizes, iluminados pelas verdades eternas, com a aquisição dos poderes da inteligência e do coração, não têm mais necessidade desses terríveis estímulos para despertar e cultivar os recursos ocultos da alma.

Na grande escalada do progresso, as causas do sofrimento se atenuam à medida que o espírito progride, porque se tornam cada vez menos necessárias para uma ascensão que se realiza livremente, na paz e na luz.

A grande escola das criaturas e dos povos é o sofrimento. quando eles se afastam do caminho reto e descambam para a sensualidade e para a decomposição moral, a dor, com seu aguilhão, recoloca-os no verdadeiro caminho.

É necessário que o homem sofra para desenvolver a sensibilidade e a vida, sendo esta uma lei grave, séria e de proveitosas conseqüências.

É preciso sofrer para sentir e amar, crescer e elevar-se. Só o sofrimento domina os furores da paixão, desperta em nós as meditações profundas e revela às almas o que há de melhor, mais belo e mais nobre no Universo: a piedade, a caridade e a bondade!
Do seu banho de sangue e de lágrimas, a França sairá rejuvenescida e mais bela, irradiando eterna glória, para prosseguir a missão que sua História lhe impõe.


Leon Denis


*Do livro o Mundo Invisível e a Guerra, trecho do cap III, a partir de comunicações recebidas de seus amigos espirituais.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Música Espírita : Filhos do Amor – Sábado de Sol

Esse é um videoclipe que editei para a música “Filhos do Amor”, do grupo espírita Sábado de Sol. Como o próprio título já diz, a letra da canção nos coloca como filhos legítimos do criador e nos receita o amor como o remédio para vencer as nossas mazelas.


quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Leon Denis na Intimidade


Suas Distrações: a Leitura, as Viagens, a Música


Léon Denis em sua Infância apreciava, dissemos antes, extremamente o estudo da geografia. Em imaginação ele transpunha os mares, franqueava os montes e se evadia assim dos círculos estreitos em que vivia: O gosto pelas viagens, inato nele, orientava-o para este e, pode-se presumir que a ocupação que ele escolheu mais tarde proporcionou-lhe ao mesmo tempo a independência e uma bela e sadia distração. Realizando, por afazeres comerciais, longas viagens pela França e pelo estrangeiro, ele realizava o sonho de ver outras terras, outros homens, outros costumes. Mas era como um verdadeiro peregrino, mochila às costas, cajado ferrado na mão, que Léon Denis preferia viajar. Ele amava tomar estes grandes banhos de ar e que vivificam o corpo e a alma de todos aqueles que sabem apreender as grandezas que a natureza oferece. Ele percorria assim as províncias francesas: o Alvergue, a Savóia, a Daufinéia, a Lorena, e a Bretanha. Ele visitou a Kabília, a Tunísia; a Sardenha, a Córsega e a Itália.

A excursão que o Mestre fez à Tunísia, foi publicada sob a forma de uma pequena brochura em 1880, sob o título A Tunísia e a Ilha da Sardenha. Poucas pessoas conhecem atualmente estas maravilhosas páginas de literatura descritiva. Léon Denis via como um poeta; sua pena igualava o pincel de um pintor. A pitoresca descrição de sua viagem tem um belo colorido. O viajante nos faz compartilhar de múltiplas impressões. Nos descreve Tunis, sua vida desbordante de atividade, os tipos estranhos e tão diversos que aí se acotovelavam, mulheres mouras, artífices, mercadores, soldados.

Em uma idade bastante avançada, Léon Denis soube criar para si uma salutar distração aprendendo á tocar piano. Ele executava por si mesmo, com muita correção, velhas árias de ópera. O Mestre aproveitava o mais das vezes o momento em que eu estava ocupada em copiar um grande artigo para se entregar a esta distração. Era-me agradável ouvi-lo executar a Romanza de Flotow:

Seule rose fralche èclose, comment peux-tu fleurir. Quando Phiver froid et morose sans pitlé va te fletir.

O filósofo era um grande amador da música; durante suas permanências em Paris ele freqüentava os concertos Collone e Lamoureux. A música facilitava grandemente a preparação de suas conferências. Ele nos disse que nunca tinha falado em Lyon sem ter ido, na véspera, passar a noite no Grande Teatro daquela cidade. Enquanto se desenrolavam as harmonias musicais, ele repassava interiormente os principais períodos de seu discurso.

Nos derradeiros anos de sua vida, uma leitura em Braille, um trecho de música não eram as únicas distrações do Mestre. Ele tinha em torno de si seus gatos que não o deixavam nunca e aos quais ele prodigalizava um grande afeto. Amava falar, acariciá-los, fazê-los brincar. Georgette, a fiel empregada do Mestre, havia introduzido sub-repticiamente uma pequena gata que uma pessoa que freqüentava a casa lhe havia dado. Ela mantinha-a em sua cozinha, mas Léon Denis a achou tão esperta, tão pequenina que a adotou. Foi batizada por Bibiche. Ela não deixava nossa mesa de trabalho, divertia-se com os papéis, virava o tinteiro e, sempre desastrada saltava, às vezes, dos ombros do Mestre para sua cabeça. Este pequeno ser cheio de vida e de graça o alegrava. Um filho de Bibiche do qual ele nunca quis se separar atendia pelo nome de Paullot; era um belo angorá branco que se tornava mais e mais majestoso ano após ano. Estes dois animais não deixavam nunca a sala onde passávamos o inverno; um ronronava sobre os joelhos do Mestre, que evitava fazer um único movimento para não perturbá-lo, a outra se enrolava perto do fogo sobre uma almofada. Por vezes eles nos olhavam graves como pequenas esfinges, tão graves que poder-se-ia crer que seguiam nossas leituras.

Georgette tinha cuidado nas horas das refeições em não dar acesso às salas senão a um gato por que; - dizia ela, - o Senhor é de uma fraqueza extraordinária e deixaria cair uma boa parte de seu jantar.

Léon Denis, quando em vida, depois de um quarto de século em perpétuas relações com os seres que povoam o mundo Invisível, tinha uma alegria natural e não perdia jamais a ocasião de dizer uma palavra bondosa, a qual lhe vinha tão depressa que seu interlocutor se surpreendia com o octogenário de aspecto grave, num jogo de espírito tão alegre. O espírito prazenteiro do Mestre fazia-o encontrar espontaneamente o traço agradável responder ao Senhor Hubert Forestier, secretário particular do Sr. Jean Meyer, que lhe dera a conhecer o nascimento de uma filhinha, o Mestre me estendeu o cartão colorido e me perguntou: Que representa ele? - Uma tela de Louis Berould, - disse-lhe eu, - representando o salão quadra do Louvre onde está exposta a Mona Lisa. - Vamos pegá-lo, disse ele. Essas palavras me foram então ditadas: Muito emocionado por vossa bondade, eu vos envio meus melhores votos para vós e para a Senhora Forestier, com minhas felicitações por vossa obra prima que não é uma pintura...

A lembrança desta brincadeira saída da boca do Mestre é destinada a mostrar seu abandono e sua espontaneidade e para ensaiar torná-lo mais vivo. Isso prova que um filósofo octogenário é, muitas vezes, mais jovem de caráter do que um estudante de vinte anos e este era o caso de Léon Denis.

Depois de sua morte, o Sr. S., advogado do tribunal de Reines nos escreveu: Uma coisa que me maravilhava era a juventude do estilo que Léon Denis conservou até o fim. Há pessoas que, aos trinta anos, já são velhas. A riqueza do coração, o sentido profético, a vida profunda, fazem de outros homens eternamente jovens. Vosso Mestre era um destes.


Claire Baumard, do livro “Leon Denis na Intimidade.”


Imagem: Leon Denis e sua mãe Sra.Anne-Lucie Liouville

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Imagem e Mensagem : Divaldo Franco psicografa Leon Denis

Um vídeo documento do bicentenário de Allan Kardec, em 2004, durante o 4º Congresso Espírita Mundial em Paris, França, em que o médium Divaldo Franco psicografa uma mensagem de Leon Denis intitulada “Reconhecimento a Allan Kardec”.



segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Léon Denis, uma Vida em Resumo



Dados pessoais:

Nome: Léon Denis
Nascimento: 1846
Homem: filósofo e espírita
Desencarne: 1927.

1. ASPECTOS GERAIS

Instruído na Maçonaria. Sua vivência no Espiritismo foi acompanhada pelos ensinamentos fornecidos pelos seus guias espirituais: Sorella, Durand e Jerônimo de Praga. Inicialmente, solicitaram-lhe a devida preparação para se tornar um orador e escritor; depois, fortaleceram-lhe o ânimo, dizendo-lhe para não se preocupar, pois estariam ao seu lado em todos os momentos da vida.

2. LÉON DENIS E ALLAN KARDEC

Léon Denis e Allan Kardec têm, entre si, íntima relação. Ambos são druídas reencarnados, pois viveram nas Gálias, no século V a. C.. O nome Léon Denis está escrito no de Kardec, ou seja, Hippolyte LEON DENIZard Rivail. São Jerônimo de Praga, seu guia espiritual, fora discípulo de João Huss (encarnação anterior de Kardec), os dois queimados vivos, no Século XV, por ordem do Concílio de Constança.

3. MOVIMENTO ESPÍRITA

A propagação do Espiritismo não foi tarefa fácil. Como acontece com toda a idéia nova, sofreu, também, os ataques de seus opositores. Léon Denis teve de lutar contra o materialismo, a falta de idealismo, o cientificismo e o positivismo de Augusto Comte, que grassavam nas universidades. As conferências, os congressos e os livros publicados foram suas armas para a divulgação e a consolidação do edifício doutrinário, alicerçado pelas pesquisas e análises de Allan Kardec.

4. DETALHE IMPORTANTE

A integridade de seu caráter criava-lhe condições necessárias para o cumprimento do seu dever. Ao cogito ergo sum de Descartes, acrescenta: "Eu sou e quero ser sempre mais do que sou". Vegetariano, dizia que não havia bebida melhor do que a água. De moral elevada, procurava cumprir tudo o que prometia. Tornou-se, com o tempo, um autodidata, o que lhe conferia pensar com a própria cabeça.


Fonte de Consulta:

LUCE, G. Vida e Obra de Léon Denis. São Paulo, Edicel, 1968.

Fonte: Centro Espírita Ismael

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Mensagem da Semana


Ouvir a Mensagem

Cantiga do Perdão


Não te iludas, amigo,
Por mais se expandam lágrimas contigo,
Todo lamento é vão...

Tudo o que tende para a perfeição,
Todo o bem que aparece e persiste no mundo
Vive do entendimento harmônico e profundo,
Através do perdão...

Perdão que lembre o sol no firmamento,
Sem se fazer pagar pelo foco opulento,
A vencer, dia-a-dia, a escuridão da noite insondável e fria
E a nutrir, no seu longo itinerário,
O verme e a flor, o charco e o pó, o ninho e a fonte,
De horizonte a horizonte,
Quanto for necessário;

Perdão que nos destaque a lição recebida
Na humildade da rosa,
Bênção do céu, estrela cetinosa,
Que, ao invés de pousar sobre o diamante,
Desabrocha no espinho,
Como a dizer que a vida,
De caminho a caminho,
Não despreza ninguém,
E bela, generosa, alta e fecunda,
Quer que toda maldade se transfunda
Na grandeza do bem...

Perdão que se reporte
À brandura da terra pisoteada,
Esquecida heroína de paciência,
Que acolhe, em toda parte, os detritos da morte
E sustenta os recursos da existência,
Mãe e escrava sublime de amor mudo,
Que preside, em silêncio, ao progresso de tudo!...

Amigo, onde estiveres,
Assegura a certeza de que o perdão é lei da Natureza,
Segurança de todos os misteres.

Perdoa e seguirás em liberdade
No rumo certo da felicidade.
Nas menores tarefas que realizes,
Para lembrar sem sombra os instantes felizes,
Na seara da luz, na qual a Luz de Deus se insinua e reflete,
É forçoso exercer o ensino de Jesus,
que nos manda perdoar setenta vezes sete
Cada ofensa que venha perturbar o nosso coração.

Isso vale afirmar,
Na senda de ascensão,
Que, em favor da vitória,
A que aspiras na luta transitória,
É mais do que importante, é essencial!
Que te esqueças, por fim, de todo mal!...
E que, em tudo, no bem a que te dês,
Seja aqui, mais além, seja agora ou depois,
Deus espera que ajudes e abençoes,
Compreendendo, amparando e servindo outra vez!...


Maria Dolores

Do livro Poetas Redivivos, de Francisco C. Xavier

sábado, 20 de fevereiro de 2010


Deus


-Quem é Deus?
- É a inteligência suprema do Universo e a causa primária de todas as coisas.

-Onde pode-se encontrar a prova da existência de Deus?
- No axioma que se aplica às ciências "Não há efeito sem causa". Buscando a causa de tudo o que não é obra do homem, chegar-se-á até Deus.

- Quais são os atributos de Deus?
- Deus é eterno, imutável, único, todo poderoso, soberanamente justo e bom.

- Porque é eterno?
- É eterno, porque, se houvesse tido principio, teria saído do nada, o que é absurdo, pois o nada é a irrealidade, é o vácuo, é a negação.

- Pode tirar-se alguma coisa de onde nada existe?
- Pode o vácuo, a negação e irrealidade produzir, afirmar e realizar?

- Porque é imutável?
- Porque, se estivesse sujeito a ações, as leis que regem o Universo não teriam estabilidade alguma.

- Porque é único?
- Se existissem muitos deuses, não haveria harmonia de vistas nem estabilidade na direção do Universo.

- Porque é todo poderoso?
- Porque, sendo único, é o autor de tudo quanto existe.

- Porque é soberanamente justo e bom?
- Por causa da sua infinita perfeição e sabedoria.

- Terá Deus a forma humana?
- Se assim fosse, estaria limitado e, por conseguinte, circunscrito, deixando, portanto, de ser infinito e de estar em toda a parte.

- Deus é imaterial?
- Sem dúvida; se fosse matéria, deixaria de ser imutável, pois estaria sujeito às transformações desta. Deus é espírito e sua natureza difere de tudo o que chamamos matéria.

- Deus governa o Universo?
- Sim, por força de sua vontade, do mesmo modo que dirigimos o nosso corpo.

- Deus cria sem cessar?
- Sim, de toda a eternidade. A razão se nega a concebê-lo na inação. Se assim não fosse, ele não seria imutável, pois se teria manifestado de modos diversos, primeiro em inação e depois em atividade.

- Podemos chegar a conhecer Deus?
-Compreendê-lo-emos melhor, quando o nosso progresso nos tornar merecedores de habitar um mundo melhor, porém haverá sempre um infinito entre Deus e suas criaturas; entre a parte e o Todo; entre o relativo e o Absoluto.

- Temos o dever de amar a Deus?
- Sim, com toda a nossa alma, pois ele é nosso Pai e criou-nos para a felicidade.

- De que modo se adora a Deus?
- Elevando-lhe o nosso pensamento por meio da prece; tendo confiança em sua bondade e justiça; amando e respeitando os nossos genitores; amando o próximo, isto é, socorrendo-o em suas necessidades, perdoando-lhe as ofensas e fazendo-lhe todo o bem que for possível; cumprindo, enfim, todos os deveres que nos impõe a moral cristã.

- Quando é útil a prece?
- Quando é sincera ou quando parte do coração. Ela se torna ineficaz quando é pronunciada somente pelos lábios.

- Por quem devemos orar?
- Por nós mesmos, por nossos pais, parentes e amigos, pelos que sofrem e, enfim, por nossos inimigos.

- Qual o fim da prece?
- Por meio da prece pedimos a Deus a força e o valor necessários para nos melhorarmos, para suportarmos com paciência e resignação as provas e as tribulações da vida.

- Chegarão os homens algum dia a conquistar a felicidade?
Sem dúvida, pois Deus não nos criou para permanecermos eternamente no mal e, por conseguinte, no sofrimento; se assim não fosse, Deus seria inferior ao homem.

- Visto isso, perdoa Deus o mal?
- Conforme se compreenda o perdão. Se entende por isso os meios que ele nos oferece para repararmos as nossas faltas, sim, pois não devemos esperar de Deus a graça para algum, mas sim a justiça para todos.

- De que modo se reparam as faltas cometidas?
- Praticando o bem. Não há outro meio.

- Atende Deus a quem ora com fé e fervor?
- Sim, mas a prece em nada altera o cumprimento das leis do Criador; serve somente para nos fortalecer em nossos sofrimentos.

- É conveniente orar muito?
- O essencial não é orar muito, mas orar bem.

- Que devemos julgar das orações pagas?
- Jesus disse: "Não recebais paga das vossas preces; não façais como os escribas que, a pretexto de grandes orações, devoram as casas das viúvas".

- Onde se deve orar?
- Jesus também disse: "Quando orardes, não façais como os hipócritas, que oram nas sinagogas e nas esquinas das ruas para serem vistos pelos homens; porém, quando orardes, entrai no vosso aposento e, fechada a porta, orai a vosso Pai em segredo, pois ele vê todos os segredos e vos recompensará; quando orardes, não faleis muito, como os gentios, pois eles pensam que por falar muito serão ouvidos".

- A prece não necessita, portanto, de manifestações externas?
- Não, pois a verdadeira oração reside no coração.

- Há algumas fórmulas de oração mais convenientes que outras?
- Não. Isso seria o mesmo que perguntar se convém orar neste ou naquele idioma.

- A oração torna o homem melhor?
- Sim, porque aquele que ora com fervor e confiança fica mais forte contra as tentações do mal. Além disso, a oração é sempre proveitosa quando feita com sinceridade.

- Poderemos suplicar a Deus que nos perdoe as faltas?
- A prece não elimina as faltas. A melhor prece são as boas ações, pois os atos valem mais do que as palavras.

- É útil orar pelos finados, e, em tal caso, serão eles aliviados pela nossas preces ?
- A prece não modifica os desígnios da Providência; entretanto, alivia e consola os Espíritos em cuja intenção é feita.


Leon Denis, Cap. I do livro “Catecismo Espírita”.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Gotas de Luz


Lei de Reprodução: Amor e Sexo


Amor: Alimento da Alma

Ao definir o Amor, como sendo "a combinação vibratória, a afinidade máxima ou completa", André Luiz vai renovar os conceitos que até então vigoraram a respeito desse sentimento universal.

Ante o pensamento do Benfeitor, o Amor se apresenta como necessidade fundamental da criatura. Trocar valores energéticos, permutar vibrações de afeto com as almas afins é uma condição obrigatória para a alma encarnada ou desencarnada, pois através desse processo o Espírito se alimenta, se fortalece e se completa.

André Luiz completando o pensamento anterior, diz que "a alma por si mesma, nutre-se apenas de Amor", pois da mesma forma que o corpo nutre-se de recursos orgânicos para sua sobrevivência, assim também o Espírito vai nutrir-se de recursos afetivos para o seu equilíbrio íntimo.

Existem formas diversas através das quais as almas afins vão permutar valores afetivos. O intercâmbio sexual, a troca de carinhos, a presença física, ou até mesmo o ato de pensar na pessoa querida são processos de troca magnética.

O sexo se apresenta então com 2 funções fundamentais:

a) Reprodução: perpetuação da espécie no planeta;
b) Troca de valores afetivos

Sexo e Evolução

Os Benfeitores espirituais afirmam a Allan Kardec (*LE-questão 202) que "os Espíritos não tem sexo."

No entanto em diversas descrições do mundo espiritual, observamos Espíritos masculinos e femininos. Até casamento no plano espiritual é relatado.

Como entendermos esta questão?

Informam os Benfeitores que o Espírito, por si mesmo, não apresenta uma definida personalidade sexual, ou seja, guarda na sua intimidade tanto valores masculinos quanto femininos; todavia ele se submete a diversas encarnações como homem e como mulher.

Em cada uma dessas polaridades ele vai desenvolver condicionamentos específicos, aprimorando-se espiritualmente.

É natural que nos séculos em que estiver estagiando em encarnações masculinas, ele venha a adquirir características físicas e psicológicas inerentes a esta polarização. O mesmo acontece com encarnações femininas.

Mente-Corpo


Embora reconheçamos que na maioria das consciências encarnadas a relação mente-corpo permanece seguramente ajustada, em algumas circunstâncias especiais, a polarização não se realiza, estabelecendo um confronto entre o "sexo espiritual" e o "sexo físico".


“Leis Divinas e Naturais” continua no próximo Gotas de Luz...

*LE – Livro dos Espíritos


Fonte: CVDEE (Leis Divinas e Naturais)

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

As Obras de Leon Denis

Livros de Leon Denis para Download


Aqui estão disponíveis para download, alguns das obras do “Apóstolo do Espiritismo”, o escritor espírita, Leon Denis :


Cristianismo e Espiritismo












Nesta obra, Léon Denis demonstra a perfeita identidade da Doutrina Espírita com os preceitos do Cristianismo puro, pregado nos Evangelhos. Narra de forma compacta a expansão do Cristianismo e os desvios deste nos caminhos do dogmatismo, das conveniências sacerdotais e dos interesses sectários.

Ao longo da obra, Denis nos demonstra que as escrituras sagradas confirmam amplamente os conceitos espíritas, como a mediunidade e a reencarnação.

Por fim, o autor mostra por que o Espiritismo se apresenta como a Terceira Revelação, ou o Consolador prometido por Jesus. E com ele temos a possibilidade de destruir as religiões sectárias e fazer florescer uma única e verdadeira religião cristã, fraterna e solidária, entre todas as criaturas, todos os povos, todas as nações.



Depois da Morte












Nesta grande obra, Léon Denis, o grande estudioso francês e contemporâneo de Allan Kardec, realmente fala ao coração da criatura humana, conduzindo-a a meditar séria e proveitosamente sobre tão profunda indagação.

Esmiuçando temas filosóficos e analisando antigas religiões, o autor focaliza o surgimento do Espiritismo como uma crença nova apoiada em fatos, capaz de revelar ao pensamento humano o que se passa no além-túmulo.

Em sua conclusão, assevera-nos Denis que o Espiritismo esclarece o passado, ilumina as antigas Doutrinas Espiritualistas e liga sistemas aparentemente contraditórios.



Espíritos e Médiuns















O Livro Espíritos e Médiuns é um excelente resumo dos estudos que Léon Denis fez sobre a mediunidade, sendo o seu uso indicado principalmente para os iniciantes da Doutrina que queiram dedicar-se às atividades mediúnicas.

A obra nos auxilia a compreender melhor o que se passa nos momentos da prática mediúnica, com orientações sobre os procedimentos que devem ser observados pelos médiuns e diretores de grupos e centros espíritas no exercício da mediunidade.



Joana D’Arc


















Nesta obra Léon Denis narra a vida e a missão de Joana d’Arc, a grande heroína francesa do século XV.

Nascida como humilde camponesa, sem qualquer tipo de instrução, mas portadora de extraordinários dons mediúnicos, Joana obtinha com freqüência as visões do Além e a audição de vozes, as quais a guiaram e sustentaram na grande missão que desempenhou, libertando sua pátria do domínio inglês, além de pacificá-la e uni-la.

Os fatos mediúnicos que cercaram Joana – e que o Espiritismo explica –, como suas visões, premonições, audição de vozes, são analisados como fenômenos mediúnicos que a ignorância e a mentira tentaram desvirtuar.



Catecismo Espírita


















Léon Denis com o livro "Catecismo Espírita" busca através de perguntas e respostas dar uma visão do que seja o Espiritismo em sua essência e sua objetividade, para melhor compreensão da Doutrina Espírita.

O livro tem temas esclarecedores para quem não conhece ainda o Espiritismo, pois e o esboço da Doutrina dos Espíritos e seus Postulados que foram Codificados por Allan Kardec.




No Invisível


















Léon Denis foi, indiscutivelmente, o mais importante discípulo de Allan Kardec, tanto na divulgação quanto na defesa da Doutrina Espírita.

“No Invisível” é das obras indispensáveis aos estudiosos das experiências mediúnicas.

Léon Denis compôs este tratado de Espiritismo experimental, no qual, além de estudar as leis que regem as comunicações do mundo invisível com o mundo material, apresenta inúmeros casos espíritas pesquisados pelos sábios e as conclusões a que estes chegaram.

Divide-se a obra em três partes. A primeira analisa o Espiritismo experimental e suas leis, a segunda os fatos e a última as grandezas e misérias da mediunidade.

Conclui esclarecendo que “O estudo aprofundado e constante do mundo invisível, que o é também das causas, será o grande manancial, o reservatório inesgotável em que se hão de alimentar o pensamento e a vida. A mediunidade é a sua chave.”



O Além e a Sobrevivência do Ser














Este é um clássico do Espiritismo que nenhum estudioso deve ignorar. A obra comprova a sobrevivência após a morte. Lastreado em famosos cientistas, como Crookes, Lodge, Lombroso e outros, Léon Denis relata casos comprovados de comunicação dos Espíritos, obedecendo aos cânones científicos do método experimental.

É leitura apaixonante que demonstra a atualidade da Doutrina Espírita e a segurança da Codificação, apesar do tempo decorrido.




Espiritismo na Arte











Nesta obra, Léon Denis retrata o que ocorre na espiritualidade, no que se refere à arte, e como a beleza se manifesta através do artista encarnado na Terra.

A obra foi elaborada com base em uma série de artigos escritos por Léon Denis em 1922, para a Revue Spirite (revista espírita francesa fundada por Allan Kardec), na qual tratava da questão do belo na arte (arquitetura, pintura, escultura, música, literatura, etc.).




O Grande Enigma











Léon Denis foi o principal discípulo de Allan Kardec na divulgação e defesa da Doutrina Espírita.

Nesta obra ele aborda temas ligados ao Universo e Natureza, objetivando demonstrar o porquê da existência do homem e a lei do destino.

Ressalta que a morte é simplesmente um segundo nascimento, onde deixamos o mundo pela mesma razão porque nele entramos, segundo a ordem da mesma lei.



O Porque da Vida


















Léon Denis proclama nesta obra:

“ Oh meus irmãos e irmãs em humanidade, a todos vocês a quem o fardo da vida tem curvado, a vocês a quem as ásperas lutas, os cuidados, as provas têm sobrecarregado, que dedico estas páginas.

É à intenção de vocês, aflitos, deserdados deste mundo, que escrevo. Humilde pioneiro da verdade e do progresso, coloco nelas o fruto de minhas vigílias, de minhas reflexões, de minhas esperanças, de tudo que me tem consolado, sustentado na minha caminhada aqui em baixo.

Possam vocês aí encontrar alguns ensinamentos úteis, um pouco de luz para aclarar os seus caminhos.

Possa esta obra modesta ser para seus espíritos entristecidos aquilo que a sombra representa para o trabalhador queimado de sol, aquilo que representa, no deserto árido, a fonte límpida e refrescante se ofertando aos olhos do viajante sedento! ”



O Problema do Ser, do Destino, da Dor














Léon Denis com o livro O Problema do Ser, do Destino e da Dor vem com um tema de grande relevância....Quem somos? De onde viemos? Para onde vamos? Por que sofremos? Eis o desafiante problema do Ser que Léon Denis vem descerrar-nos com clareza e precisão, fundamentando-se nos princípios da Doutrina Espírita.

O eminente escritor francês, discípulo de Allan Kardec, entrega-nos um conjunto de ensinamentos valiosos, onde a lógica se une ao sentimento, para exaltar a realidade da sobrevivência do Espírito após o fenômeno da morte.
Divide-se esta obra em três partes e analisa temas como: a evolução do pensamento, vida no além, provas históricas da reencarnação, a lei dos destinos, as potências da alma e outros assuntos palpitantes e atuais.

Este grande Clássico do Espiritismo responde a todas as nossas dúvidas mais íntimas e seremos também um pouco diferente na forma de enxergar o mundo que nos rodeia e a nossa destinação perante ao Universo.



O Mundo Invisível e a Guerra









Léon Denis vivenciava a experiência terrível da guerra de 1914 quando uma série de comunicações, recebidas de seus amigos espirituais, inspiraram-no a escrever essa obra em que faz uma análise dos horrores da guerra e das suas conseqüências no Plano Espiritual.

Através de uma médium, o autor conseguiu acompanhar, durante mais de três anos, a influência dos espíritos nos acontecimentos e observar seus aspectos mais importantes.



Giovanna











Esse é um delicioso romance escrito por Léon Denis, a mais importante figura do movimento espírita francês depois de Allan Kardec.

Interessado em difundir a Doutrina Espírita entre o grande público, Denis criou uma fascinante história de amor e espiritualidade, que consegue ser didática, sem perder o encanto do texto literário e o interesse de uma trama bem elaborada.



O Progresso

Um texto envolvente, no qual o mestre Denis analisa, com grandeza d'alma, o progresso político, o social, o religioso e o progresso na imortalidade.

O seu discurso aborda progresso das idéias e instituições. Denis demonstra, nesta obra, que o progresso é uma lei natural, que o homem pode obstá-lo, através de suas escolhas, mas não pode detê-lo. E também, que cabe a ele consultar sua consciência para saber como nortear seus atos, no sentido de progredir e colaborar na construção de um mundo melhor.

Download


quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

O Poder do Pensamento


O Pensamento


O pensamento é criador. Assim como o pensamento do Eterno projeta sem cessar no espaço os germens dos seres e dos mundos, assim também o do escritor, do orador, do poeta, do artista, faz brotar incessante florescência de idéias, de obras, de concepções, que vão influenciar, impressionar para o bem ou para o mal, segundo sua natureza, a multidão humana.

É por isso que a missão dos obreiros do pensamento é ao mesmo tempo grande, temível e sagrada; é grande e sagrada porque o pensamento dissipa as sombras do caminho, resolve os enigmas da vida e traça o caminho da humanidade; é a sua chama que aquece as almas e ilumina os desertos da existência; e é temível porque seus efeitos são poderosos tanto para a descida como para a ascensão.

Mais cedo ou mais tarde todo produto do Espírito reverte para seu autor com suas conseqüências, acarretando-lhe, segundo o caso, o sofrimento, a diminuição, a privação da liberdade, ou então as satisfações íntimas, a dilatação, a elevação do ser.

A vida atual é, como se sabe, um simples episódio de nossa longa história, um fragmento da grande cadeia que se desenrola para todos através da imensidade. E constantemente recaem sobre nós, em brumas ou claridades, os resultados de nossas obras. A alma humana percorre seu caminho cercada de uma atmosfera brilhante ou turva, povoada pelas criações de seu pensamento. É isso, na vida do Além, sua glória ou sua vergonha.

Para dar ao pensamento toda a força e amplitude, nada há mais eficaz do que a investigação dos grandes problemas.

Por bem dizer, é preciso sentir com veemência; para saborear as sensações elevadas e profundas é necessário remontar à nascente de onde deriva toda a vida, toda a harmonia, toda a beleza.

O que há de nobre e elevado no domínio da inteligência emana de uma causa eterna, viva e pensante. Quanto mais largo é o vôo do pensamento para essa causa, tanto mais alto ele paira, tanto mais radiosas também são as claridades entrevistas, mais inebriantes as alegrias sentidas, mais poderosas as forças adquiridas, mais geniais as inspirações!

Depois de cada vôo, o pensamento torna a descer vivificado, esclarecido para o campo terrestre, a fim de prosseguir a tarefa pela qual continuará a desenvolver-se, porque é o trabalho que faz a inteligência, como é a inteligência que faz a beleza, o esplendor da obra acabada.

Eleva teu olhar, ó pensador, ó poeta! Lança teu brado de apelo, de aspiração e prece!

Diante do mar de reflexos variáveis, à vista de brancos cimos longínquos ou do infinito estrelado, não passaste nunca horas de êxtase e embriaguez, em que a alma se sente imersa num sonho divino, em que a inspiração chega poderosa como um relâmpago, rápido mensageiro do Céu à Terra?

Escuta bem! Nunca ouviste, no fundo de teu ser, vibrarem as harmonias estranhas e confusas, os rumores do mundo invisível, vozes de sombra que te acalentam o pensamento e o preparam para as intuições supremas?

Em todo poeta, artista ou escritor há germens de mediunidade inconsciente, incalculáveis, e que desejam desabrochar; por eles o obreiro do pensamento entra com o manancial inexorável e recebe sua parte de revelação. Essa revelação de estética, apropriada à sua natureza, ao gênero de seu talento, tem ele por missão exprimir em obras que farão penetrar na alma das multidões uma vibração das forças divinas, uma radiação das verdades eternas.

É na comunhão freqüente e consciente com o mundo dos Espíritos que os gênios do futuro hão de encontrar os elementos de suas obras. Desde hoje, a penetração dos segredos de sua dupla vida vem oferecer ao homem socorros e luzes que as religiões desfalecidas já lhe não podem proporcionar.

Em todos os domínios, a idéia espírita vai fecundar o pensamento em atividade. A Ciência dever-lhe-á a renovação completa de suas teorias e métodos, assim como a descoberta de forças incalculáveis e a conquista do universo oculto.

A Filosofia obterá um conhecimento mais extenso e preciso da personalidade humana. Esta, no transe e na exteriorização, é como uma cripta que se abre, cheia de coisas estranhas e onde está escondida a chave do mistério do ser.

As religiões do futuro hão de encontrar no Espiritismo as provas da sobrevivência e as regras da vida no Além e, ao mesmo tempo, o princípio de uma união das duas humanidades, visível e invisível, em sua ascensão para o Pai comum.

A Arte, em todas as suas formas, descobrirá nele mananciais inexauríveis de inspiração e emoção.

O homem do povo, nas horas de cansaço, beberá nele a coragem moral. Compreenderá que a alma pode desenvolver-se tanto pela lide humilde como pela obra majestosa e que não se deve desprezar dever algum; que a inveja é irmã do ódio e que, muitas vezes, o ser é menos feliz no luxo que na mediocridade.

O poderoso aprenderá nele a bondade com o sentimento da solidariedade que a todos liga através de nossas vidas e pode obrigar-nos a retornar pequenos para adquirirmos as virtudes modestas.

O céptico achará nele a fé; o desanimado as esperanças duradouras e as resoluções viris; todos os que sofrem encontrarão a idéia profunda de que uma lei de justiça preside a todas as coisas, de que não há, em nenhum domínio, efeito sem causa, parto sem dor, vitória sem combate, triunfo sem rudes esforços, mas que, acima de tudo, reina uma perfeita e majestosa sanção e que ninguém está abandonado por Deus, do qual é uma parcela.

Assim, vagarosamente se operará a renovação da humanidade, tão nova ainda, tão ignorante de si mesma, mas cujos desejos se dirigem pouco a pouco para a compreensão de sua tarefa e de seu fim, ao mesmo tempo em que se alarga seu campo de exploração e a perspectiva de um futuro ilimitado. E, em breve, eis que ela avançará mais consciente de si mesma e de sua força, consciente de seu magnífico destino. A cada passo que transpõe, vendo e querendo mais, sentindo brilhar e avivar-se o foco que arde em si, vê também as trevas recuarem, fundirem-se, resolverem-se os sombrios enigmas do mundo e iluminar-se o caminho com um raio poderoso.

Com as sombras, desvanecem-se pouco a pouco os preconceitos, os vãos terrores; as contradições aparentes do universo dissipam-se; faz-se a harmonia nas almas e nas coisas. Então, a confiança e a alegria penetram-lhe e o homem sente desenvolver-se-lhe o pensamento e o coração. E de novo avança pelo caminho das idades para o termo de sua obra; mas esta não tem termo, porque de cada vez que a humanidade se eleva para um novo ideal, julga ter alcançado o ideal supremo, quando, na realidade, só atingiu a crença ou o sistema correspondente ao seu grau de evolução. Mas de cada vez, também, de seus impulsos e de seus triunfos decorrem-lhe felicidades e forças novas, e ela encontra a recompensa de seus labores e angústias no próprio labor, na alegria de viver e progredir, que é a lei dos seres, comunhão mais íntima com o universo, numa posse mais completa do bem e do belo.


Leon Denis

Da obra “O Problema do Ser, do Destino e da Dor”, Leon Denis.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Prece de Leon Denis

Ò Bom Jesus, Bom Pai, fonte de todo poder, toda sabedoria, de todo amor; Espírito Supremo, cujo nome é Luz, nós te oferecemos nossos louvores e nossas aspirações.

Que eles subam a ti como o perfume das flores, como os odores inebriantes dos bosques sobem para o céu.

Ajuda-nos a avançar na senda sagrada do conhecimento para uma compreensão mais alta de tuas leis, a fim de que se desenvolva em nós mais simpatia, mais amor pela grande família humana: porque nós sabemos que pelo nosso aperfeiçoamento moral, pela realização, pela aplicação ativa em torno de nós e em proveito de todos da caridade e da bondade, aproximar-nos-emos de ti, mereceremos conhecer-te melhor e comungar mais intimamente na grande harmonia dos seres e das coisas.

Ajuda-nos a nos desprender da vida material, a compreender, a sentir o que é a vida superior, a vida infinita. Dissipa a obscuridade que nos envolve, depõe em nossa alma uma centelha desse fogo divino que aquece e abrasa os espíritos das esferas celestes.

Que a tua doce luz e com ela os sentimentos de caridade e de paz se derramem sobre todos os seres.

Assim seja.


Fonte: "A Prece Segundo O Espiritismo" De Geraldo Serrano

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Uma Entrevista com Léon Denis


Léon Denis (1846-1927), um dos maiores e melhores escritores espíritas que já existiram, atualmente, é conhecido por poucos no movimento espírita. No entanto, não era assim há pouco mais de cem anos atrás. Seus livros eram lidos por muitos e responsáveis por inúmeras conversões ao Espiritismo em várias partes do mundo, inclusive no Brasil. Como escritor e orador espírita, ele abriu mão de sua paz e tranqüilidade para divulgar e defender a Doutrina Espírita.

Participou de seis congressos internacionais: três espiritualistas e três espíritas. Ficou conhecido como “Apóstolo do Espiritismo”. E colaborou, até o ano de sua morte, com artigos na Revista Espírita e em outros periódicos espiritualistas. Algumas vezes, escrevia sobre o tema de certa obra em seus artigos, antes que ela fosse elaborada e viesse a público. Noutras, o tema do livro era abordado em suas palestras.

É surpreendente saber que apesar de todas as dificuldades de sua vida, Denis adquiriu, à custa de muito esforço, uma vasta cultura que causava admiração a quantos o conheciam. Era também, dono de uma prodigiosa memória, que lhe permitia, mesmo quando mais velho e cego, descrever suas lembranças nos mínimos detalhes.

Léon Denis é autor de vasta e notável obra que vale a pena ser conhecida, pois representa o fruto de incansáveis estudos e traz informações e alertas, importantes para o movimento espírita: fatos e pesquisas ocorridos à época da elaboração de cada livro ou artigo.

Por isso, e também devido ao estudo de sua biografia, nasceu nosso interesse em conhecer algumas de suas obras, as menos divulgadas e que, somente há pouco tempo, voltaram a ser traduzidas e publicadas pelo Centro Espírita Léon Denis – CELD (RJ), como uma forma de homenagem ao seu patrono.

Outra razão que suscitou a curiosidade sobre essas obras, foi um estudo a respeito de O Porquê da Vida, livro publicado no Brasil desde o início do século XX. As edições brasileiras trazem, junto com a obra original, textos de autoria de Denis e de outros escritores. Isso dificulta saber o que faz parte de alguma obra sua ou o que era um texto ou artigo independente e, até mesmo, quando foi escrito.

Como forma de tornar mais agradável a abordagem do resultado desse garimpo, bem como a apresentação das obras, simularemos uma entrevista com o próprio Denis sobre suas obras: O Progresso, O Porquê da Vida, O Espiritismo e as Contradições do Clero Católico. E, ao final, comentaremos algo a respeito de Síntese Doutrinária e Prática de Espiritismo.

1) Quando se tornou espírita, Sr. Denis?

“Quando tinha 18 anos. Eu sempre gostei de namorar vitrines de livrarias e, nessa época, deparei-me com O Livro dos Espíritos, cujo título achei muito curioso e perturbador. Comprei-o e nele encontrei as respostas que buscava.”

2) Quando se deu sua estréia como escritor e conferencista espírita?

“O primeiro livro, O Progresso, foi publicado em 1880 e a primeira conferência espírita foi realizada em 1882. Até então, as conferências que fiz eram relacionadas à minha participação na Loja Maçônica dos Demófilos e na Liga do Ensino.”

3) Então, O Progresso foi escrito antes da carreira como orador espírita? Como escolheu o tema?

“Na verdade, não era planejada a sua publicação, que só ocorreu por insistência do público. As conferências nas duas instituições que citei sempre versavam sobre temas variados que suscitavam discussões e que, mais tarde, seriam aprofundados nas conferências espíritas, livros e artigos. Esse é também um tema que se relaciona à busca do homem por respostas para suas maiores indagações e dúvidas.”

4) Fale-nos um pouco sobre O Progresso.

“No livro, atenho-me ao progresso das idéias e instituições, pois o progresso material pode ser observado por todos. Tento mostrar que o progresso é uma lei natural, que o homem pode obstar, através de suas escolhas, mas que não pode deter. E também, que cabe a ele consultar sua consciência para saber como nortear seus atos, no sentido de progredir e colaborar na construção de um mundo melhor.”

- Essa obra de Léon Denis foi editada pelo Centro Espírita Léon Denis, em 1995. Não é extensa, por se tratar de um discurso pronunciado por ocasião da inauguração de Círculos da Liga do Ensino em algumas cidades francesas. Sua publicação só foi possível porque Denis tinha o hábito de escrever seus discursos; costume que os Instrutores Espirituais haviam sugerido que adotasse.

É de fácil leitura e compreensão podendo ser indicado, especialmente, a principiantes da Doutrina Espírita. Para os veteranos, representa uma boa oportunidade de tomar contato com o pensamento desse grande escritor espírita. -

5) E quanto a O Porquê da Vida – Solução Racional do Problema da Existência? Quando foi editado e qual o tema central?

“Ele foi publicado em 1885. O tema central é a busca de respostas para dúvidas como: quem somos, de onde viemos, para onde vamos, qual o objetivo da vida. Nesse livro, parto do pressuposto de que todo homem empreende tal busca. E, justamente, porque estamos numa época em que, por instinto, quer-se progredir, sem se saber para onde ir, é extremamente necessário que o homem encontre tais respostas. A fim de se conduzir na vida sem medos, incertezas e indecisões, marchando confiante em direção a um futuro melhor que cabe a ele construir e pelo qual é responsável.”

- Esse livro é escrito em linguagem simples e acessível, sendo também aconselhável aos neófitos da Doutrina. Seu objetivo é minorar a dor dos sofredores, aos quais o livro é dedicado. De forma leve e agradável, Denis procura demonstrar, ao longo de sua argumentação, que o Espiritismo é a maior força contra o materialismo, pois está fundamentado em fatos, submetidos a certas leis, até então desconhecidas. Desse modo, ele vai apresentando o leitor à Doutrina Espírita: princípios, racionalidade, consolo, etc. -

6) Como surgiu Giovanna ?

“Essa é uma novela espírita baseada nas viagens que fiz a serviço da casa comercial em que trabalhava. Ela se passa na Itália e conta a história de dois jovens que descobrem ter muitas idéias e dúvidas em comum, relacionadas à imortalidade, reencarnação, justiça, progresso, etc.”

- Essa novela foi publicada, provavelmente, em 1880. A princípio surgiu sob a forma de folhetim num periódico chamado Paz Universal e, mais tarde, saiu na Revista Espírita, sob pseudônimo. À época de sua publicação já havia escritores especializados nesse tipo de literatura espírita que obtinham grande sucesso. -

7) Por que foi escrito O Espiritismo e o Clero Católico ? E do que ele trata?

“Ele veio a lume devido aos ataques do clero à Doutrina Espírita, através de artigos em periódicos católicos. Em geral, tais artigos apresentavam as práticas e princípios espíritas como sendo obra do demônio, associavam a reencarnação à metempsicose e diziam que os espíritas tinham o diabo no corpo. Por se tratar de uma história antiga e repetitiva, em contraponto a essas acusações, apresento opiniões de clérigos católicos de renome, antigos e atuais, que crêem na possibilidade da comunicação com os Espíritos e na reencarnação, além de fatos ocorridos na história da própria Igreja que atestam a veracidade dessas idéias.”

- Essa brochura representou uma resposta de Denis aos ataques que parecem ter recomeçado em abril de 1917, em periódicos mensais católicos da França (L’Ideal, Libre Parole, Revue des Jeunes). Conforme se pode observar através das notas de rodapé, o livro parece ser uma síntese de vários artigos escritos na Revista Espírita, desde junho de 1917.

Não foi possível determinar, com precisão, a data de sua elaboração nem de sua publicação, que podem ter ocorrido ainda durante a I Guerra Mundial. A edição de 1919, publicada pela FEB, apresenta 1918 como data da elaboração: “Nesta hora (1918) em que a tormenta se abate com violência sobre o nosso país...” .

Na edição de 1995, pelo CELD, que mantém o título e a divisão originais da obra, acredita-se que a publicação se deu em 1923 e a elaboração, em 1921. Isso talvez seja devido ao fato de que tanto na edição do CELD quanto numa edição francesa de 1923 não aparece a data 1918.

Por isso, não podemos concordar com a afirmativa da equipe do CELD em relação às datas de publicação e de elaboração do livro, visto que já havia uma tradução para o português em 1919. Nem mesmo Gaston Luce, biógrafo de Denis cita uma data específica. Portanto, seria necessário ter acesso à primeira edição, se ainda existir, para podermos afirmar qual data seria correta.

Nosso primeiro contato com a Síntese Doutrinária e Prática de Espiritismo foi através de um exemplar publicado na Argentina, em 1940. Mais tarde, encontramos uma edição publicada pelo Instituto Maria.

O livro é dedicado às crianças e adultos ainda não iniciados em Espiritismo. Por isso, o autor parte do raciocínio concreto para o abstrato, isto é, do homem para Deus. Sua forma é dialogada, a fim de facilitar a compreensão por parte daqueles que desconhecem a Doutrina.

Embora seus biógrafos, Baumard e Luce, não mencionem a “Síntese...” no rol de suas obras; uma publicação francesa de “O Espiritismo e o Clero Católico”, de 1923, cita-a numa lista de livros de autoria de Denis.

Esperamos que essas páginas, de alguma forma, sirvam para incentivar os espíritas a estudarem e discutirem os vários livros e artigos de Léon Denis; principalmente, porque essa atitude representa uma boa maneira de saber mais a respeito dos pioneiros da Doutrina Espírita. Oxalá, ela se estenda aos demais grandes escritores espíritas, estrangeiros e brasileiros, como um modo de prestar-lhes homenagem pelo seu legado ao movimento espírita: Delanne, Flammarion, Cairbar Schutel, Deolindo Amorim, Carlos Imbassahy, Leopoldo Machado e inúmeros outros, inclusive os nossos contemporâneos.


Por Débora Vitorino

Publicado no Boletim GEAE Número 442 de 13 de agosto de 2002
^