quinta-feira, 18 de junho de 2009

Gotas de Luz: “A Materialização e a Bicorporeidade na Vida de Frei Antonio”

“Na existência dos grandes heróis da fé, que a Igreja denomina genericamente santos, encontram-se, sobejamente, os mais notáveis e maravilhosos testemunhos espirituais da ação inteligente do Mundo Invisível junto aos seres terrenos. E os santos, à semelhança dos verdadeiros médiuns espíritas, sempre serviram de intermediários entre as forças auxiliadoras da esfera ultraterrestre e as necessidades humanas. Os santos cristãos, quando conscientes de sua missão espiritual, sempre agiram como mediadores entre o Grande Além e a Terra, quais os devotados e sinceros missionários da mediunidade na grande seara do espiritismo evangélico.” – Clóvis Tavares


O Autor Clóvis Tavares, em sua obra póstuma “A Mediunidade dos Santos”, faz um estudo sobre os fenômenos psíquicos na Igreja Católica, e dentre os santos que revelam inúmeros casos de manifestações mediúnicas, cujas biografias foram autorizadas pela própria igreja, está o Frei Antonio de Lisboa e Pádua ( Santo Antonio).

Sobre a mediunidade de Santo Antonio, ele relata:

“Sto. Antônio de Pádua (de Lisboa) (1195-1232) - Teve forças para livrar-se do constante assédio de espíritos inferiores. Foi clarividente, possuía o dom da profecia, mediunidade de bilocação (ou bicorporidade) e cura. Curou uma menina de 4 anos, aleijada e atacada de epilepsia.”

Nesse artigo, em Gotas de Luz, apresentaremos um estudo sobre a materialização e a bicorporiedade, duas faculdades mediúnicas correlatas, características na vida do Frei Antonio.

Materialização

O fenômeno da materialização se fundamenta nas propriedades do perispírito: O perispírito, por sua própria natureza, é invisível no estado normal. Isso é comum a uma infinidade de fluidos que sabemos existir e que jamais vimos. Mas ele pode também, à semelhança de certos fluidos, passar por modificações que o tornem visível, seja por uma espécie de condensação ou por uma mudança em suas disposições moleculares, é então que nos parece de maneira vaporosa. A condensação pode chegar a ponto de dar ao perispírito as propriedades de um corpo sólido e tangível, mas que pode instantaneamente voltar a seu estado etéreo e invisível (é necessário não tomar ao pé da letra a palavra condensação, pois só a empregamos por falta de outra e como simples recurso de comparação). Esses diversos estados do perispírito, entretanto, resultam da vontade do espírito e não de causas físicas e exteriores como acontece com os gases. O espírito nos aparece quando dá a seu perispírito a condição necessária para se tornar visível (O Livro dos Médiuns).
Observa-se que apenas a vontade do espírito não concretiza o fenômeno. Há uma série de fatores e circunstâncias para a sua realização.
O fluido perispiritual do espírito deve afinizar-se com o fluido perispiritual do médium para que se efetue a combinação de ambos.
O médium deve possuir uma emissão abundante de fluidos (ectoplasma) “para que opere a transformação do perispírito”.
Ectoplasma pode ser definido como uma substância fluídica, uma espécie de plasma, flexível, viscoso, incolor e inodoro, sensível ao pensamento, que escapa do organismo de certos indivíduos através dos poros e dos orifícios naturais do corpo. Trata-se de um transe biológico quando há não apenas dissociação psíquica, mas também biológica. Segundo André Luiz, no Livro “Nos Domínios da Mediunidade”, “O Ectoplasma está situado entre a matéria densa e a matéria perispirítica, assim como um produto de emanações da alma pelo filtro do corpo, e é o recurso peculiar não somente ao homem, mas a todas as formas da natureza”.
Vencidas essas dificuldades é preciso ainda que o espírito tenha autorização para tornar-se visível a esta ou àquela pessoa, o que nem sempre é possível.

Na biografia de Santo Antonio, encontramos registrado oficialmente o caso da materialização do Menino Jesus, que já foi destaque em uma das nossas postagens do mês.

Texto de Carlos Pereira, com excertos do estudo Bicorporiedade, de Jânio Alves Cordeiro, julho de 2002.


Bicorporiedade


Segundo Allan Kardec, trata-se de um estado de liberdade do Espírito de certas pessoas vivas de quem o perispírito pode num momento de emancipação da alma, tomar, em um outro lugar, a aparência de um corpo tangível de maneira a fazer crer que estar ali sua presença real e simultânea em dois lugares.
O afastamento do Espírito do seu corpo físico, pode ser por transe mediúnico e pelo sono. Pode, também, acontecer que o corpo não se ache adormecido mas, não se encontrará num estado perfeitamente normal, será sempre um estado mais ou menos extático; e o seu aparecimento materializado, ao mesmo tempo em dois lugares diversos, de forma bem visível e tangível. É um fenômeno idêntico ao da materialização realizada nas sessões espíritas, diferindo apenas por se tratar de pessoa encarnada que, posteriormente, retorna ao corpo físico.
Trata-se de um fenômeno ímpar: a consciência age fora do espaço físico, como se fosse uma desencarnação parcial e provisória da alma. Esta, emancipando-se, passa a gozar de todas as faculdades próprias do ser desencarnado. Este fenômeno, foi que deu azo às histórias de homens duplos, isto é, de indivíduos cuja presença simultânea em dois lugares diferentes.
Por muito extraordinário que seja, tal fenômeno como todos os outros, se compreende na ordem dos fenômenos naturais, pois que decorre das propriedades do perispírito e de uma lei natural.
Na Codificação Kardeciana encontra-se o ensinamento de que o Espírito jamais está completamente separado do corpo vivo em que habita; qualquer que seja à distância a que se transporte “a ele se conserva ligado por um laço fluídico que serve para chamá-lo, quando se torne preciso. Esse laço só a morte o rompe”. (O Livro dos Médiuns, pág. 361, FEB).
O Espírito André Luiz faz referência também ao cordão de prata, na Obra “Mecanismos da Mediunidade”, dizendo que o sensitivo desdobrado está ligado ao seu corpo físico “por fio tenuíssimo, superficialmente comparado, de certo modo, à onda do radar, que pode vencer imensuráveis distâncias, voltando, inalterável, ao centro emissor...”.
Depreende-se do exposto, que no estado de separação não podem os dois corpos gozar, simultaneamente, do mesmo grau de vida ativa e inteligente; e que o corpo real não poderia morrer, enquanto o corpo aparente se conservasse visível, porquanto a aproximação da morte sempre atrai o espírito para o corpo, ainda que apenas por um instante. Daí resulta igualmente que o corpo aparente não poderia ser morto, porque não é orgânico, não é formado de carne e osso. Desapareceria, no momento em que o quisessem matar.
Bicorporeidade é a prova mais positiva da existência do perispírito, na união do corpo com a alma. Este fenômeno é evidente devido ao desdobramento momentâneo dos elementos constitutivos do homem: o corpo e a alma.
Na bicorporeidade não há necessidade de médium, porque o corpo fluídico, que reveste o espírito, se supre do fluido vital do próprio organismo, ou antes, na bicorporeidade o médium é o próprio indivíduo que se desdobra.


A Bicorporiedade de Frei Antonio de Pádua



Estando Antônio em Pádua, teve uma visão. (...) Na sua cidade natal, Lisboa, viviam ainda os seus parentes: o pai, a mãe, os irmãos e as irmãs, que se encontravam implicados num caso de homicídio cometido por outros. Havia naquela cidade dois indivíduos que se odiavam mortalmente. Um deles, encontrando-se certa noite com o filho do rival, decidiu vingar-se nele e, favorecido pela escuridão, surpreendeu-o, arrastou-o à sua própria casa e ali trucidou-o barbaramente. Depois sepultou o corpo no jardim da casa dos parentes de Antônio. (...) Sabendo que o jovem fora, naquela noite, visto nas propriedades do palácio de Martinho, deram busca pelos arredores e pela propriedade toda. Guiando-se pela terra removida de fresco, chegaram ao cadáver cheio de ferimentos. Bastou esse indício para que as suspeitas do homicídio caíssem sobre Martinho, que foi preso com toda a família, segundo o costume da época. Aproxima-se o dia da sentença, que teria sido uma sentença de condenação, se Antônio não tivesse vindo em auxílio dos seus. Certa noite, ele pediu licença ao superior para sair do convento, e se pôs a caminho de Lisboa. Lá chegou prodigiosamente na manhã seguinte quando não seriam suficientes três meses para percorrer a distância entre Pádua e Lisboa. Chegando à sua terra natal, apresentou-se ao tribunal para pedir a liberdade de sua família. Como era natural, não foi atendido, visto serem por demais graves os indícios acumulados contra ela. Antônio pediu, então, que lhe trouxessem o cadáver da vítima. Ao vê-lo, ordenou-lhe, em nome de Cristo, que voltasse momentaneamente à vida para indicar o seu assassino. O corpo animou-se, confessou abertamente que nenhum membro da família de Antônio era culpado da sua morte e depois caiu novamente no seu sono de morte. A novidade do milagre e a solene declaração de tal testemunha foram suficientes para libertar a família de Antônio, com a qual ele passou aquele dia. Despediu-se ao cair da noite e, no dia seguinte encontrava-se novamente no seu convento em Pádua.


Por Jânio Alves Cordeiro, Julho 2002


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